Como é doce e consoladora a certeza de que não há entra nós senão um véu material que te oculta a minha visão! Que tu possas estar aqui, ao meu lado, me ver e ouvir como antigamente, que os nossos pensamentos não cessem de se confundir; e que o teu me siga e me sustente sempre.
quarta-feira
supracitado
Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.
“Tudo o que é do domínio afetivo reclama o Absoluto. O filho quer a mãe por toda a vida, os amantes querem se amar por toda a vida, tudo em nós pede o Definitivo – enquanto que a vida nos ensina o Provisório. Na medida em que o tempo passa, torna-se conveniente esquecermos nossos amores, pois , esquecendo-os, é a nossa própria morte que esquecemos. O verdadeiro dilaceramento reside na necessidade de aceitarmos o Provisório – para sobrevivermos”.
as usual
É triste perceber que quem tanto me importa não olha por mim, apenas me vê. Não altera em nada sua lista de prioridades quando preciso de socorro, atenção. Apenas depois, sempre depois, desculpa-se. Diz que as coisas estão complicadas. Está constantemente ocupado, atrapalhado. Sempre se sai com ótimos motivos para não ter ido, feito, acompanhado. Conhece meus gostos, minhas neuras, o porquê do riso rasgado. Sabe o número do meu telefone, onde vivo, mas mora num outro universo, do qual não tenho endereço, nem pertenço: é péssimo notar que sou pouco pra quem é muito pra mim! E não se trata de desdém, nem de rancor. É mais sutil e menos obvio, por isso tão doído - sei que o carinho existe, mas anda tímido. Pode até me surpreender com telefonemas, e-mails, conversas a toa, mas não está presente nos momentos críticos da minha vida. Torna-se incomunicável, desaparece. Não fica ao meu lado. Não pega a bebida preferida para comemorarmos. Não me abraça quando faltam palavras, não me afaga quando elas não bastam. Sei que aquela pessoa, tal qual a recordo, existiu, só não sei em que ponto deixou de ser real para se tornar um holograma na minha mente. Uma suspeita de surto: Será que me enganei desse jeito? Talvez! Sem sentido, a vida acaba nos trazendo, inevitavelmente, amigos assim (que chamamos de amigos, por desconhecimento de um termo mais adequado). Amores assim. Pessoas que estiveram conosco, compartilharam e construíram nossa história, mas que sabe-se lá quando ou porquê, descompassaram. Alguns até continuam presentes, mas jamais estiveram tão ausentes. Outros fazem questão de dizer como somos importantes. Sempre desconfiei de quem fala: "você pode contar comigo!", "qualquer coisa me liga!", "nunca vou te esquecer!". Isso que se mostra calmamente no dia-a-dia não se legaliza numa promessa. É preciso tempo e é só com ele que saberei se essas palavras significam algo ou se são meras formalidades. Mostre-me que eu posso contar com você, não me diga isso nunca. Talvez percamos o sentido de existir na vida de algumas pessoas, por mais importantes que tenhamos sido (ou que supomos ter sido). Nossa permanência torna-se oca de significado. Desbota. Gradualmente, sumimos. E não há nada de errado nisso. Triste sim, mas não errado: não dá pra exigir ser amado. Errado é mantermos a nossa volta, atrelados a nós por compulsão ou necessidade de companhia, quem não tem mais nada a nos oferecer.
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